O Complexo de Édipo se tornou um dos conceitos centrais da psicanálise freudiana a partir da década de 20 e tem grande relevância entre alguns pós-freudianos. Jacques Lacan, munido das críticas que foram feitas a concepção freudiana e de todo um campo epistemológico, filosófico e político diferente, retoma o Complexo de Édipo e o atualiza sem, contudo, renunciar à originalidade freudiana.
Essa retomada lacaniana re-situa o Édipo não mais como as fantasias infantis que organizam a Outro Cena, mas como uma operação de constituição e estruturação que inscreve certas funções. De início, o Édipo é lido por Lacan de modo estrutural a partir de etapas lógicas e levando em conta o registro simbólico e o Nome-do-Pai. Sem nunca cessar as considerações sobre o Édipo, Lacan o articula a dimensão do gozo pelas fórmulas da sexuação, para depois pensar o Complexo de Édipo como uma das modalidades de quarto nó em sua teoria do nós.
A proposta da aula é fazer um sobrevôo sobre a questão do Complexo de Édipo em Lacan, chegando assim as formas como ele pode ser um operador clínico na atualidade.
Ivan Ramos Estevão: Psicanalista, membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano – EPFCL e do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo. Professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) e professor do programa de pós-graduação do Instituto de Psicologia da USP. Mestre e doutor em Psicologia Clínica pela USP. Coordenador do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política da USP. Escreveu vários artigos de psicanálise em livros e periódicos e é também autor de “A teoria freudiana do complexo de Édipo” (Escuta, 2017) e do livro “O Complexo de Édipo” (Aller, 2021).