Freud fez uso da escrita do caso como uma técnica para refletir sobre sua prática clínica e produzir uma elaboração teórica, de forma constante, reconstruindo e reorganizando os conceitos que estava produzindo. Para Freud há uma íntima ligação entre a história do sofrimento e o sintoma, particularidade própria à invenção do inconsciente, ao advento do sujeito desejante e àquilo que escapa ao dizer, que só pode transmitir pela via da escrita, operação que se cria para além da história contada. A partir do momento que Lacan reinterpretou os conceitos freudianos e acrescentou sua própria conceitualização, clinicar tomou um novo rumo, mas a essência do caso clínico permanece na sua formalização. Os casos clínicos são construções/ficções que decorrem do desejo do analista de discutir com seus pares, a singularidade da experiência clínica.
Apresentação: Heloísa Ramirez
Psicanalista, AME da Escola dos Fóruns do Campo Lacaniano e Membro do Fórum do Campo Lacaniano São Paulo. Co-organizadora junto a Christian Dunker e Tatiana Assadi dos livros A pele como litoral – fenômeno psicossomático e psicanálise (2011) e A construção de casos clínicos em psicanálise – método clínico e formalização discursiva (2017), Editora Annablume.